Reza a lenda que, quando tinha seis anos de idade, em visita a uma tia, me recusei a almoçar usando um prato diferente das outras crianças que estavam a mesa. E pacientemente esperei que uma delas terminasse, para poder usar seu prato.
Nunca gostei de competir, de ultrapassar alguém, fosse qual fosse o motivo ou objetivo. Sempre gostei mais de fazer parte, de colaborar, de fazer junto. Mesmo antes de conhecer o sentido da cooperação. Sempre acreditei na conquista pelo mérito, atingir resultados pelo esforço, com trabalho em equipe.
Não gosto de pensar em “derrotar” o outro, penso sempre em construir com o outro. O que me move é o desafio, o que me alimenta é a paixão e o que me entusiasma é o trabalho para chegar ao objetivo. Importa o processo. O resultado é simples consequência.
A competitividade, para mim, é desestimulante. Gosto de compartilhar, de colaborar, de cooperar.
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PxHere - CC0 Domínio público |
Mesmo na escola, nas aulas de educação física,
quando os professores faziam as seletivas para montar equipes de atletismo, eu
detestava. Preferia os jogos de vôlei, onde formávamos times.
Quando penso em competição, me vem à mente a máxima
do Barão de Coubertin: "O importante não é vencer, mas competir. E
com dignidade." Também lembro do fundador do cooperativismo no Brasil, Theodor
Amstad, quando nos ensina: “Pois se uma grande pedra se atravessa no
caminho e 20 pessoas querem passar, não o conseguirão se um por um a procuram
remover individualmente. Mas se as 20 pessoas se unem e fazem força ao mesmo
tempo, sob a orientação de um deles, conseguirão solidariamente afastar a pedra
e abrir o caminho para todos.”
A competição é contraditória à vida. Nascemos pela
ação colaborativa de pares. Crescemos em meio a comunidades; aprendemos pelo
esforço de muitos. O indivíduo realiza-se na comunidade, no meio social, na
sociedade. Ninguém vence obstáculos sozinho, como bem disse John Doone:
“nenhum homem é uma ilha”.
Torna-se cada dia mais evidente a marca do século XXI:
colaboracionismo, cooperativismo. O individualismo e a competição geram os
conflitos, ao passo que as ações conjuntas promovem os consensos e estimulam
ambientes criativos e produtivos.