É um tema muitas vezes chato e há um conceito geral, que diz: política, religião e futebol não se discutem.
Conceito totalmente equivocado, cujo objetivo é justamente
evitar o debate – debater não discutir, é bom que se diga – político e a formação
do senso crítico.
Mas o que é política?
A visão aristotélica nos apresenta: política é a ciência que
tem por objetivo a felicidade humana e divide-se em ética (que se preocupa com
a felicidade individual do homem na pólis - cidade) e na política propriamente
dita (que se preocupa com a felicidade coletiva da pólis - cidade).
Porém, antes de aprofundarmos, também é importante definir o
que é Estado:
“Conjunto de instituições no campo político e administrativo
que organiza o espaço de um povo ou nação. Para o Estado existir, é necessário
que ele possua o seu próprio território e que exerça sobre este a sua
soberania, ou seja, o Estado deve ser a autoridade máxima na área a ele
correspondente.”
E há diversos modelos de Estado: Estado absolutista, Estado
liberal, Estado socialista, Estados nazista e fascista, Estado de bem-estar
social, Estado neoliberal. A diferença entre estes modelos está na sua
organização social: uns ditatoriais, com pouco ou nenhuma participação do povo,
onde o Estado exerce o poder total, sem qualquer valorização e respeito às
liberdades individuais; outros mais liberais e democráticos, com grande
participação do povo, onde há o pleno exercício da cidadania.
Mas em todos, independente de seu modelo, haverá sempre três
atores, com mais ou menos poder: Executivo – responsável pela gestão e
organização prática, planejamento e execução do orçamento nacional; Legislativo
– responsável pela formulação das leis e fiscalização da aplicação do orçamento
e Judiciário – responsável pela aplicação das leis.
Nos Estados absolutistas e ditatoriais, legislativo e
judiciário são meras marionetes do poder executivo. Nos Estados democráticos,
há separação e respeito entre os poderes, cada qual exercendo seu papel.
Outro ponto em comum a todos: o Estado não gera riquezas,
nada produz. Todos os recursos vêm do povo, seja através de impostos, taxas,
trabalho – escravo ou não. Portanto, nada que o Estado fornece ao seu povo é
uma benesse, um favor, um presente. É apenas o retorno ao que este povo ofereceu
ao Estado.
Nos Estados democráticos, o povo tem maior poder de
fiscalização na aplicação destes recursos, podendo inclusive definir
prioridades em sua aplicação. Nos Estados ditatórias, apenas o poder central
define a destinação destes recursos, ao seu bel prazer, onde o povo não tem o
direito de se manifestar.
Também têm em comum a corrupção. Não importa se democrático
ou ditatorial, sempre haverá uns poucos a buscarem se locupletar com recursos
que não lhes pertencem. A diferença está na aplicação da lei: nos Estados
democráticos, os responsáveis pelos desvios são julgados e condenados; nos Estados
ditatórias, há um simulacro de julgamento, a condenação já é certa. Em alguns
Estados ditatoriais, a pena pode ser a morte.
Mas por que eu tenho de me envolver com política?
Porque é a política quem definirá os destinos dos povos,
garantindo-lhes a liberdade, a cidadania, seu direito a prover sua própria
renda e qualidade de vida. Não se envolver, não debater, é como dar uma
procuração em branco a outros para definirem nossos destinos individuais e
coletivos.
A escolha de bons representantes é fundamental. Avaliar seu
passado, pesquisar sobre suas condutas, atuações em outras áreas, conhecer seu
pensamento, é importante para execução de nossas necessidades, necessidades
coletivas, para toda a nação, para todo o povo. Bons representantes são aqueles
com projetos afinados com nossos anseios. Mais que discursos, formulação de
projetos e conceitos, em consonância com nossas prioridades e as prioridades do
país, região ou cidades.
No conceito de democracia, através da política, o Estado
serve ao seu povo. Nos absolutistas ou ditatoriais, o Estado se serve do povo e
não há o exercício da política. Apenas as políticas internas, na cúpula do
poder.
Em 2022 teremos eleições no Brasil. Agora é o momento de
começar as pesquisas, de avaliar os candidatos em todas as áreas, sejam aos
cargos executivos, sejam ao legislativo. Em nosso sistema político, o poder
executivo não tem poder absoluto, necessitando de apoios do poder legislativo
na aprovação se seus projetos e definições na aplicação dos recursos. Então,
tão importante em eleger um bom governante, é fundamental também eleger
legislativos afinados com ideias deste governante.
Quando escolhemos bem, quando pesquisamos – sem paixões –
candidatos com projetos de país, reduzimos as possibilidades de corrupção,
permitimos uma condução mais tranquila da governabilidade, com respeitos às
instituições e aplicação mais eficiente dos recursos oriundos de nossos
impostos.
Portanto, se faz necessários debater política. Envolver-se efetivamente no processo, exercendo plenamente nossa cidadania.
Jornalista e sociólogo
MTb 0018790/RS